02 outubro 2012

Dança descoordenada, solta e presa. 

Não se consegue libertar das restrições, do peso, dos outros. 
Do olhar dos outros. 

Da censura e do olhar reprovador. 

Ouve-se um riso ao fundo. 

A principio ela não percebe porquê, 
só depois se apercebe que está já no chão, 
que caiu e não viu o fundo, não viu o chão, 
nem sequer sentiu a queda, nem sequer sentiu as pernas. 
Sentiu, apenas, isso sim, o riso de troça dos outros. 
Ao levantar-se parte de si fica para trás, a princípio não se apercebe. 
Só quando está já no fundo da sala, cambaleia e cai novamente. 
Aí roga pragas a si, à prótese e ao inferno. 


Já não consegue sequer voltar… 
fecha a porta com delicadeza, sai e corre. 

Descoordenada, solta e presa ao mesmo tempo. 


...
 Xuanita©

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