26 janeiro 2007

"Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixes que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo te impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita em ti. Gasta mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo... Quem quase vive já morreu."

Luis Fernando Veríssimo

22 janeiro 2007



Andar descalça...

Sentir o frio chão, arrefecido, fresco...
Sentir a quente, macia, áspera areia...
Sentir a fresca, fofa, aprazível relva...

É bom andar descalça... sinto-me mais leve, mais solta, mais viva, mais ligada à terra e ao meu mundo... sinto-me livre... sim, penso que é a melhor palavra que poderia usar: livre.. sensação plena de liberdade, de união e comunhão com aquilo que de mais puro, genuino, natural, verdadeiro e cristalino existe... a Terra.

Sentir-me una...
livre...

....

09 janeiro 2007



Mariza - Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

04 janeiro 2007


Volúpia

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade…
A nuvem que arrastou o vento norte…
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…

Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»