22 fevereiro 2007

Para ti...

Sim, este post hoje é para ti!
Porque merecias, e porque este post já deveria ter sido feito à mais tempo...


Não, não estou inspirada... mas senti muito que tinha que fazer isto, hoje! agora!



Tudo fica tão longe, tão perdido, tão distante...
tudo fica tão baço, tão difuso, tão nebuloso e sombreado...
sim, eu sei que estás aí.. sempre estiveste.. sempre vais estar.. não, não vou temer, não vou chorar, não me vou lamentar, sei que vais estar sempre aqui, sempre por perto... para rir, para brincar, para fazer um mimo, para me ralhares, para me chamares à razão, para me fazeres ver o outro lado de.. tudo... Fica por aqui.. nunca fujas.. nunca vás pa longe... vamos tomar chá e vamos lembrar outros tempos, vamos lembrar o tempo em que tudo era mais fácil, vamos lembrar o tempo em que sorríamos e em que éramos felizes... sim, nós fomos felizes.. muito.. lembras-te?



Claro que sim..
Eu sei que sim...

Eu lembro-me, e muito... anseio todos os dias voltar atrás no tempo, sentir aquilo que sentíamos, viver aquilo que vivíamos... sentir que o amanhã iria sempre ser melhor...

Mas estamos aqui.. hoje.. agora.. no chamado Presente...
Presente que teima em escapar-me das mãos... Presente que não consigo agarrar, meter ao bolso e levar comigo para todo o lado... Choro por isso, choro por sentir que tudo passou e está a passar rápido de mais...
Se vivo? Sim, tento viver cada minuto, cada momento, cada instante que passa.. Vivo com urgência, pressa e rapidez... uns dias. Vivo com mansidão, brandura e quietude... outros dias!


E porque nós um dia vamos ver brilhar o sol o dia todo :) Mesmo em dias de chuva..
Sei que tendo-te ao meu lado tudo será sempre mais fácil... sei que podemos procurar em conjunto o sol teimoso e irrequieto que gosta de brincar às escondidas... sabemos onde está.. não somos ainda hábeis o suficiente para o desvendar...


Mas um dia...
sim, um dia.. :)


Tenho fé!



Dedicado a uma querida amiga :)

....

16 fevereiro 2007

Poema do silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome."

José Régio

Porque tudo isto faz sentido... hoje mais do que nunca!