21 julho 2008

Encontrei...


O meu primeiro cabelo branco.


Se o arranquei? Não. Assim de cada vez que olhar para ele sei o quanto a vida é efémera e que estou a envelhecer...

Talvez daqui a 3 dias brinde a ele.





13 julho 2008

Aviso

Avisa-se que algumas entradas no blog foram apagadas devido ao facto de terem ultrapassado o prazo de validade. De facto, e como era possível constatar a qualquer transeunte que por este site passasse, algumas já cheiravam inclusive a podre, outras roçando o pútrido, qual corpo em decomposição.


Agradeço a compreensão.

Mood for today

11 julho 2008

(Uma das) Odaliscas, de Matisse



Auto-retrato da deambulação sensível?


Desvanecer no sopro daquele que a leva. Foge para agarrar braços soltos, plásticos, moles, abstractos. Abulia. Apatia. Cansaço. É assim que possivelmente se sente a Odalisca de Matisse. Vibrante num êxtase orgiástico de cor. Será que ela esqueceu o som do silêncio?

09 julho 2008


by Kandinsky


Even if logic were confined by the senses it would still be an organic disease, by Tristan Tzara in Dada Manifesto


08 julho 2008

à descoberta...


À descoberta de Clarice Lispector.


Extracto de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres


"[...]

Pedir? Como é que se pede? E o que se pede?
Pede-se vida?
Pede-se vida.
Mas já não se está tendo vida?
Existe uma mais real.
O que é real?
E ela não sabia como responder. Às cegas teria que pedir. Mas ela queria que, se fosse às cegas, pelo menos entendesse o que pedisse. Ela sabia que não devia pedir o impossível: a resposta não se pede. A grande resposta não nos era dada. É perigoso mexer com a grande resposta.

[...]

Ajoelhou-se trémula junto da cama pois era assim que se rezava e disse baixo, severo, triste, gaguejando sua prece com um pouco de pudor: alivia a minha alma, faze com que eu sinta que Tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar não é morrer, que a entrega de si mesmo não significa morte, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não Te indague de mais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que me lembre de que também não há explicação porque um filho quer o beijo de sua mãe e no entanto ele quer e no entanto o beijo é perfeito, faze com que eu receba o mundo sem receio, pois para esse mundo incompreensível eu fui criada e eu mesma também incompreensível, [...] faze com que eu perca o pudor de desejar que na hora de minha morte haja uma mão humana amada para apertar a minha, amém.

Não era à toa que ela entendia os que buscavam caminho. Como buscava arduamente o seu! E como hoje buscava com sofreguidão e aspereza o seu melhor modo de ser, o seu atalho, já que não ousava mais falar em caminho. [...]

Mas também sabia de uma coisa: quando estivesse mais pronta, passaria de si para os outros, o seu caminho era os outros. Quando pudesse sentir plenamente o outro estaria a salvo e pensaria: eis o meu porto de chegada.
Mas antes precisava tocar em si própria, antes precisava tocar no mundo."