11 abril 2013

Das memórias

Admiro a capacidade que as músicas têm de nos transportar no tempo a uma velocidade impressionante. 
Sem estarmos à espera há emoções, cheiros, bateres de coração mais acelerados que nos levam a tempos perdidos, escondidos, que deixamos caídos a um canto do coração.
Porque é que estamos condenados à saudade e à nostalgia? Trocaria uns meses desta vida por um só dia há uns anos atrás. Um dia. Normalíssimo. Um sábado, talvez.
Os sábados sempre tiveram algo de relaxado, delicioso, divertido, aventureiro. Onde guardamos as memórias? Porque é que elas teimam em sair-nos pelos poros nos momentos mais inconvenientes? 

Descrição de uma cena: Sábado de manhã; mês de Junho; calor; cheiro absurdo a maresia.
Na rádio: Goodbye Stranger - Supertramp

Eu: O que é que estás a fazer?
Ele: Ainda não me esqueci.
Eu: Posso ajudar?
Ele: Agora não. Vou só acabar isto e já saímos.
Eu: Vamos onde?
Ele: Onde quiseres. Mas primeiro tens que me deixar acabar isto.
Eu: Mas isto é para quê?
Ele: Já te disse que ainda não me esqueci.
Eu: O que é que eu faço?
Ele: Esperas que eu acabe.
Eu: Mas assim... sem fazer nada?
(levanto-me e caminho em torno dele, incliono-me, debruço-me, tento compreender o que está a fazer, espreito, meto o dedo no que ele está a fazer, dou meia volta, corro um bocadinho, volto ao mesmo local)
Eu: E agora? Já está? Já podemos ir fazer uma aventura?
Ele: ....
Eu: Já está?
Ele: Sim, onde queres ir?
Eu: Quero ir viver uma aventura.


27.03.2013

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